Pastorais

Vivendo em Tempos Difíceis: A Necessidade de Atitude e Unidade

Nos dias atuais, enfrentamos tempos desafiadores que afetam a estrutura familiar e a vida comunitária. Observamos uma preocupante desmoralização dos valores familiares, evidenciada por:

  • Destruição das crianças: Em sua formação psicológica, sexual, moral e familiar.
  • Destruição dos casamentos: Traições, prostituição, mentiras, falta de diálogo e divórcios.
  • Destruição dos adolescentes e jovens: Envolvimento com drogas, sexualidade descontrolada e falta de propósito.

Como indivíduos que desejam viver para Cristo, frequentemente somos alvos de críticas, rotulados como retrógrados ou fanáticos. No ambiente de trabalho, colegas e patrões podem nos incitar a mentir ou caluniar, ensinando que o sucesso pode ser alcançado à custa dos outros. Esse cenário revela que viver como servos de Deus neste mundo não é uma tarefa fácil. Quantas vezes já nos sentimos perseguidos ou desacreditados por professores, amigos ou superiores?

Dentro da igreja, as dificuldades não são menos preocupantes. Observamos práticas como o homossexualismo entre líderes e membros, adultérios, divórcios, e um aumento nas calúnias e difamações. O índice de divórcios entre os crentes já se igualou ao do mundo. Os pecados ocultos, não confessados e não abandonados são como manchas que maculam a congregação (Provérbios 28.13). Enfrentamos também uma sociedade ímpia, governantes que não têm temor de Deus e até mesmo líderes religiosos que se afastaram dos princípios bíblicos. A falta de maturidade espiritual é evidente em muitos.

Nesse contexto de trevas, somos chamados a continuar a trabalhar, a nos alimentar da Palavra e a nos relacionar com os irmãos. Precisamos ser luz em meio à escuridão. Então, como podemos agir diante dessas adversidades que parecem nos destruir?

Reflexão sobre a Perseguição e a Intervenção Divina

Ao longo da história, o povo de Deus enfrentou tentativas de destruição, e o diabo, utilizando sua astúcia, atuou nos bastidores para fomentar a aniquilação do povo. Este é um dos seus principais objetivos: instigar a destruição sem que percebamos sua atuação (João 10.10). Para meditar sobre isso, analisaremos um episódio do livro de Ester, que retrata a perseguição e o quase extermínio do povo judeu.

Leitura Bíblica – Ester 4.1-3; 13-17:

Ester 4.1-3: Quando Mardoqueu soube de tudo o que tinha acontecido, rasgou as suas vestes, vestiu-se de saco e de cinzas, e saiu pelo meio da cidade, clamando em alta voz e com amargo clamor. Ele chegou até a porta do rei, porque não se podia entrar pela porta do rei vestido de saco. Em cada província, onde chegava a ordem do rei e o seu decreto, havia grande lamento entre os judeus, e jejum, choro e lamento. Muitos deles se deitavam em pano de saco e cinzas.

    Ester 4.13-17: Mardoqueu mandou dizer a Ester: “Não imagines que, por estares na casa do rei, serás a única entre todos os judeus que escaparás. Se de todo te calares agora, de outra parte se levantará para os judeus alívio e libertação; mas tu e a casa de teu pai perecereis. E quem sabe se para conjuntura como esta chegaste a este reino?” Então Ester mandou dizer a Mardoqueu: “Vai, ajunta a todos os judeus que se acharem em Susã e jejuai por mim; não comais nem bebais por três dias, nem de noite nem de dia. Eu e as minhas servas também jejuaremos. Depois disso, irei ter com o rei, ainda que não seja conforme a lei. Se eu perecer, pereci!” Mardoqueu se foi e fez tudo quanto Ester lhe ordenara.

    CONTEXTO: Todos os judeus do Império Persa estavam sob a ameaça de morte, resultado do ódio de Hamã. Segundo o comentarista Wiersbe, a cada ano, na Festa de Purim, o livro de Ester é lido publicamente, e ao pronunciar o nome de Hamã, o povo bate os pés e exclama: “Que esse nome seja apagado!” Hamã representa todos os que tentaram exterminar o povo de Israel.

    Hamã, um “agagita”, era descendente de Agague, rei dos amalequitas. Esse conflito remonta ao ataque traiçoeiro dos amalequitas a Israel após sua saída do Egito (Êxodo 17.8-15). A ordem de Deus a Saul para destruir os amalequitas (1 Samuel 15) não foi cumprida, permitindo que Hamã, um de seus descendentes, tentasse eliminar o povo judeu. A arrogância de Hamã, movida por orgulho e altivez, refletia a malignidade em sua essência. O livro de Provérbios 6:16-19 descreve essas atitudes: “Seis coisas o Senhor aborrece, e a sétima a sua alma abomina…”.

    Hamã desejava a destruição de Mardoqueu e de todo o povo judeu. Com cerca de quinze milhões de judeus espalhados pelo Império Persa, todos foram condenados à morte. Mesmo a terra de Israel, sob o domínio do rei Assuero, não era um refúgio seguro. Essa narrativa ilustra o conflito contínuo entre a carne e o Espírito, entre o mal e a fé.

    Atitudes do Povo de Deus

    Diante desse cenário, o povo de Deus tomou algumas atitudes cruciais para escapar dos inimigos:

    1. Consciência do Momento que se Vive (v. 1): Quando Mardoqueu tomou ciência do plano de Hamã, rasgou suas vestes e vestiu-se de saco e cinzas, clamando com amargo desespero. Essa demonstração de tristeza não era apenas cultural, mas representava um ato de quebrantamento e arrependimento diante de Deus.Mardoqueu reconheceu a necessidade de uma atitude drástica. O provérbio 24.11-12 nos ensina que devemos agir diante do mal, pois Deus pondera os corações. Fingir que não temos nada a ver com a dor alheia é um pecado (Tiago 4.17). Compreender o momento presente é fundamental para a ação correta. Ele se humilhou e buscou socorro em Deus, lembrando que muitos ainda buscam ajuda em lugares inadequados.
    2. Orar em Unidade (v. 4.1b; 4.16a): Mardoqueu não enfrentou o sofrimento sozinho. Ele se expôs e chorou em alta voz. A orientação de Ester para que se unissem em jejum e oração por três dias é fundamental. O jejum e a oração juntos nas Escrituras são uma preparação para uma busca mais profunda pelo Senhor.O jejum, quando acompanhado de sinceridade e humildade, é um meio poderoso de buscar a intervenção divina (Isaías 58.1-10). A igreja primitiva também se uniu em oração contínua (Atos 12.5), e é imperativo que façamos o mesmo nos dias de hoje.

    Conclusão: Deus Intervém

    Quando buscamos a Deus com arrependimento e humildade, Ele intervém. Em Ester 6.9-10, vemos como a astúcia de Hamã se voltou contra ele. Não apenas Mardoqueu foi salvo, mas todo o povo judeu sobreviveu, enquanto seus inimigos foram destruídos (Ester 8 e 9). A história de Ester e Mardoqueu nos ensina que, ao reconhecermos nossos pecados e nos humilharmos, Deus ouve nosso clamor (Salmos 51.17).

    Os dias são difíceis, mas a igreja, fortalecida pelo poder de Cristo, pode fazer a diferença neste mundo, dobrando joelhos e corações diante do Rei dos Reis. Que possamos aprender com os exemplos de Mardoqueu e Ester, voltando-nos ao Senhor e derramando nossos corações diante Dele.

    Versículos para Meditação:

    • “Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo Ele vos exalte.” (1 Pedro 5.6)
    • “E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra.” (2 Crônicas 7.14)
    • “Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos.” (Efésios 6.18)

    Reflexão Final: O Poder da Humildade e Unidade em Oração

    Diante de um mundo em constante crise e desafios, a mensagem do livro de Ester se torna um farol de esperança e um chamado à ação. A história de Mardoqueu e Ester nos ensina que, mesmo em meio a perseguições e dificuldades, podemos contar com a intervenção divina. Precisamos reconhecer a gravidade de nossa situação e nos voltar a Deus com corações humildes e arrependidos.

    A unidade em oração é um elemento fundamental para experimentarmos a força de Deus em nossas vidas e em nossa comunidade. Assim como a igreja primitiva se uniu em oração, nós também devemos buscar essa comunhão, levantando nossas vozes em clamor a Deus. Ele é fiel e ouvirá nosso clamor, trazendo restauração e esperança. Ao olharmos para as adversidades, que possamos nos lembrar de que, com fé e união, temos a capacidade de impactar o mundo ao nosso redor, trazendo luz e transformação a aqueles que estão em trevas.

    Convido você a se aprofundar mais nesta verdade, refletindo sobre como pode aplicar essas lições em sua vida e em sua igreja. Juntos, podemos enfrentar os desafios atuais, confiantes de que Deus está ao nosso lado e que, por meio de Sua graça, podemos fazer a diferença.

    Oração Final: Neste momento, vamos orar pelas crianças, pelos casamentos, pelos enfermos, pelos desempregados e pelos perdidos. Que possamos convidar dois ou três irmãos para se unirem a nós nesse clamor.

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